Artigo Profissional

18.02.2025
Ginecologista – Obstetra | Medicina da Reprodução | PMA (Procriação Medicamente Assistida)
Desde cedo, a sociedade impõe às mulheres um caminho pré-definido: crescer, casar, ser mãe. Ouvimos frases como: “Um dia, quando fores mãe”, “Tens tempo, ainda és nova”, “Não esperes muito, o relógio biológico não perdoa”, ou “Então, e os bebés?”. É como se a identidade feminina estivesse, inevitavelmente, ligada à maternidade. Mas será que ser mulher significa, obrigatoriamente, ser mãe?
A verdade é que cada mulher tem o direito de ser dona do seu próprio corpo, das suas escolhas e da sua vida. Algumas desejam ser mães cedo, outras mais tarde. Algumas querem construir carreiras, explorar o mundo, viver sem pressões. E outras, simplesmente, não querem ser mães – e está tudo bem.
Mas e se o desejo de maternidade existir, só que não agora? E se houver dúvidas sobre o futuro?
A medicina reprodutiva oferece, hoje, uma ferramenta poderosa: o congelamento de óvulos. Esta opção permite que a mulher preserve a sua fertilidade e decida, com total autonomia, quando – e se – quer ser mãe. É um ato de liberdade, de independência, de respeito por si mesma. Permite viver a sexualidade sem receios, sem a pressão do tempo e sem que a maternidade seja uma corrida contra o relógio biológico.
No meu consultório, vejo diariamente mulheres a questionarem-se:“E se for tarde demais?”, “E se eu não conseguir?”. A resposta é simples: a ciência evoluiu para dar às mulheres o poder de escolha. Com informação, planeamento e acesso a soluções, como o congelamento de óvulos, cada mulher pode decidir o seu próprio caminho sem que a fertilidade seja uma limitação.
A maternidade pode ser um sonho, mas nunca uma imposição. O valor de uma mulher não se mede pela sua capacidade de gerar uma vida, mas sim pela forma como vive a sua – com liberdade, autonomia e respeito por si mesma. A verdadeira força feminina está nessa capacidade de decidir, sem culpa, sem medo e sem pressões.
E isso, acima de tudo, é o que realmente importa.