Testemunho

14.03.2025
Por: Joana, Lisboa, 35 anos.
Sou uma mulher menos digna por perdoar uma, aliás, muitas traições?
Estou num relacionamento há quase dez anos e, no início do mesmo, perdoei várias traições.
Há mulheres que me dizem que "nunca perdoariam o companheiro" e eu também dizia isso, até estar EU no papel principal.
Eu e o meu companheiro separámo-nos pelo caminho, cheios de mágoa, revolta, dor e tristeza, até nos voltarmos a juntar.
No meio, cada um fez a sua terapia. Um para curar a razão dessa incessável necessidade de atenção, provocada pela ausência da sua mãe e eu, para curar o sentimento de rejeição, provocado pela falta de atenção que sentia por parte do meu pai. Não fazia ideia do impacto que isto teve e tem sobre mim, até trabalhar este ponto em terapia.
Juntos, cada um com as suas falhas, conseguimos perceber que o que se passou no passado não significava ausência de amor dentro de casa.
Sou muito criticada e já me ofenderam de muitas maneiras: "corna mansa", "iludida", "tóxica", etc. Outras ofensas foram dirigidas ao meu companheiro. Diziam que eu não via como ele era um "narcisista".
Enfim, a verdade é que ele nunca me responsabilizou por nenhuma atitude dele, nem se mostrou superior a mim em relação nada, muito pelo contrário, assumiu o que fez e lutou muito para ser e fazer diferente.
Passei por momentos complicados e tive dificuldade em voltar a confiar. Sou humana e, mais do que isso, sou mulher! A mulher está, constantemente, desconfiada de tudo e, muitas vezes, desnecessariamente.
Não temos controlo sobre nada e, o que percebi no processo, é que eu também não fui nenhuma santa. Não fiz o mesmo, mas não fui santa. Ninguém é.
Cada um de nós tem necessidades diferentes, falhas diferentes.
Somos humanos, poderia ser de outra forma?
Fico triste quando percebo que há mulheres que são cruéis umas para outras e, muitas delas, podem até estar a viver uma situação semelhante.
Quero acreditar e tenho essa esperança de que a sociedade possa ser mais gentil.
Houve arrependimento, houve uma mudança de atitude e houve crescimento pessoal.
Se existe amor, as pessoas devem estar juntas e é isso que acontece connosco ponto final.